Kit Gay - Verdades e Mitos
Um tema bastante polêmico e controverso é o chamado “Kit Gay”. Não há nem nunca houve nenhum material didático que ensine às crianças que elas devam se tornar homossexuais. O que há, na verdade, é apenas um material didático que trata do tema sexo e sexualidade, cujo objetivo é ensinar às futuras gerações que toda forma de afetividade é aceitável, devendo, portanto, respeitar a todos, independentemente de sua orientação sexual.
Se há algo de indecente, é o preconceito. Sim, este monstro que assola a toda e qualquer forma diferente de ver, de ser e de viver segundo os seus próprios princípios. O preconceito parte, em geral, de fontes bíblicas. Livro esse que, além de não ter nenhuma conotação científica, é extremamente preconceituoso e carregado de aberrações conforme citado em meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da minha Especialização Lato Sensu em Educação Afetiva e Sexual, entregue à Universidade Candido Mendes, no qual eu trato da Importância do Ensino de Educação Sexual na Escola, e que se encontra à disposição para apreciação. Afinal, que mal há em sermos diferentes dos demais se já o somos em nossa própria essência?
Negros e brancos, altos e baixos, gordos e magros, feios e belos, ricos e pobres. Quaisquer que sejam as vertentes dessa variante, temos uma única coisa em comum. Somos todos seres humanos. Isso, no entanto, não significa que devemos todos pensar da mesma maneira, que devemos agir da mesma maneira nem que devemos todos ter a mesma orientação sexual. Ao contrário, significa que, como indivíduos, devemos ter nossas escolhas pessoais, individuais.
A Constituição deixa bem claro que “ninguém deve fazer ou deixar de fazer coisa alguma senão em razão da lei.” Essa mesma Carta, que rege os princípios fundamentais dos direitos, diz que “todos são iguais perante a lei.” Assim, se todos são iguais perante a lei e esta admite o beijo heterossexual em público, admite o casamento e tantos outros direitos aos heterossexuais, por que não admitiria o mesmo entre os homossexuais e afins?
Quais são os atos dos homossexuais que ferem a Constituição ou qualquer outra lei pelo simples fato de terem sua orientação sexual diferente da orientação da maioria?
Seria repúdio pelo fato de que seus atos divergem dos da maioria? É importante notar que nem sempre a maioria está certa, pois se assim fosse, milhões de pessoas não elegeriam um representante político para lhes roubar. Se a maioria da população estivesse certa, fosse realmente coerente, não haveria tanta desigualdade social. Enfim, o fato é que é muito mais fácil repudiar do que tentar entender o outro.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) artigos 2º e 3º, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) artigo 53º, deixam claro no seu parágrafo único que os pais ou responsáveis devem ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais, a Declaração dos Direitos Sexuais (DDS) e tantos outros documentos oficiais já admitem e até incentivam uma educação sexual continuada, que deve começar em casa e ser estendida à escola. A escola é uma extensão de nosso lar. A abordagem da homossexualidade na escola não tem cunho pessoal, mas educacional. Trata-se de mostrar aos discentes que existem outras vertentes, outras formas de amar e de viver sua sexualidade.
A edição de fevereiro de 2015 da maior revista de educação no Brasil, a Nova Escola, abordou a diversidade sexual e a homofobia na escola. A revista Nova Escola convidou os educadores ao debate sobre as questões de gênero e sexualidade. O material pode ser acessado clicando sobre o nome da revista acima.
Vale a pena conferir!
Ademais, a educação sexual, partindo do pressuposto que é também uma forma de educação, é um direito de todos. Todo conhecimento deve ser compartilhado em todas as esferas da sociedade e a escola deve cumprir o seu papel social de informar, transmitir conhecimento, formar o cidadão, capacitando-o a fim de que este seja plenamente competente em todas as áreas.
Isso certamente não os transformará em seres pervertidos, promíscuos, obscenos. Não. Esse tipo de intervenção proposta pela escola pode e deve mostrar a esses alunos que a relação homo afetiva existe e deve ser tratada com seriedade, responsabilidade e respeito à dignidade da pessoa humana.
Não se educa alguém para ser homossexual. Homossexualidade não é ensinada, não se adquire, não contagia, não é doença. Homossexualidade é orientação sexual pessoal. Ninguém escolhe ser homossexual. Afinal, ninguém quer se sentir rejeitado, marginalizado, crucificado por uma sociedade tão medíocre quanto a que vivemos nos dias atuais.
Os conservadores defendem que homossexuais deturpam o conceito de família e as destroem, entretanto, em nada diferem-se uns dos outros. Se homossexuais se separam, os heterossexuais também o fazem. Se homossexuais traem, os heterossexuais também o fazem.
É preciso mais que simplesmente uma educação sexual, faz-se necessário uma reflexão acerca dos preconceitos arraigados, oriundos de uma sociedade machista, retrógrada e que já não mais faz sentido em nossa época.
É imprescindível rever antigos conceitos e perceber que não passam de preconceitos herdados de povos bárbaros que já não existem mais.