Durante a palestra ministrada por Jackson, podia-se notar uma certa inquietação por parte dos alunos. Havia uma determinada expectativa com relação ao tema. Via-se, nitidamente, em seus semblantes, o anseio por querer saber mais, afinal, esse é um tema muito pouco discutido em sala de aula. Fica a critério dos professores de biologia tratar do tema e, diga-se de passagem, de maneira muito superficial, pois não atende às reais necessidades e realidades dos discentes.

Há ainda uma hegemonia no que tange ao assunto. Segundo Moraes (1993, p.253 apud MELO, s/d, p. 30):

A visão dominante foi construída pelo higienismo, pelo eugenismo (sic) e pelo assistencialismo. [...] o corpo, a saúde e a sexualidade estão desvinculados do prazer, do afeto, de qualquer visão economicamente não-produtora, e de reprodução da espécie, dos interesses sociais dos grupos hegemônicos (MELO, s/d, p. 30).

Ainda de acordo com Melo:

Como função do Estado, educar para a sexualidade envolve também o acesso aos meios de controle voluntário de reprodução e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, compondo programas de planejamento familiar. Este processo aloca-se nos postos de saúde e precisa envolver profissionais capacitados que não deixem prevalecer valores pessoais sobre a natalidade de quem procura seus serviços, fornecendo apenas (e isto é muito), meios essenciais para que as pessoas controlem a sua própria prole, previnam-se de doenças e vivam plenamente a sua sexualidade (MELO, s/d, p. 30).

E, definitivamente, não é o que se deseja. A Educação Sexual não deve ser voltada apenas para a maternidade, à procriação, à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da AIDS, não constituindo uma manifestação de comportamento, de atitude. E é exatamente focado nisso que Jackson Menezes se dispõe a tratar do tema Sexo e Sexualidade.
A ideia central do seu trabalho é promover uma mudança de comportamento. Num sentido mais amplo, pode-se dizer que sua proposta é de se fazer respeitar e valorizar as diferenças, entendendo o outro como um ser social e humano que é, independentemente, de sua orientação sexual, cor da pele, classe social ou quaisquer que sejam as diferenças.

Educar sexualmente uma pessoa é mostrar que assim como ela, a outra parte também tem sentimentos, desejos, sonhos, orientação sexual e limites. E tudo isso deve ser respeitado, principalmente, os limites de cada um.